Ontem eu tinha um sorriso estampado no rosto, como aquele de
dar inveja nos mais desgostosos. Ontem eu quis viver, mas viver pra valer.
Senti em mim uma alegria dessas passageiras que chega sorrateira em meio a
algum momento desproporcional e de pouco astral. Estava eu, séria e com firmeza
de profissional nos olhos, essa firmeza que carrego comigo pra desviar a
juventude demasiada, essa firmeza que aprendi a ter pela pouca vivência, essa
firmeza de me proteger a cada passo torto de uma linha trêmula. Estava eu, num
lugar qualquer, com pessoas pouco conhecidas, eu estava a me procurar, em meio
a uma visita dessas com destino certo, lá eu estava com os olhos fixos por
entre as árvores, imaginando como um dia tudo poderia ter passado despercebido,
pensado que talvez a minha “opção” não teria sido totalmente em vão. Há rastros
de dores que vez em outra surgem desproporcional, mas descobri que passam,
mesmo que após uma eternidade, elas passam. Tudo passa, o que ficam somos nós,
até os pensamentos passam, mas o que nós fizemos fica, fica e expande, fica e
cresce, fica e transcende. Até pouco tempo, não sabia bem ao certo o que era
eu, até pouco tempo, talvez “eu” não existisse. Deveras vezes, “eu” esteve
perdido no espaço sideral, mas se “eu” esteve assim tão perdido, agora eu já
não estou. Perdida jamais, confusa talvez, mas me achei de tal forma que a
certeza de “eu” é bem maior que a incerteza de nós.
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