Eis a questão que me atormenta e
me tortura nesse momento: Como foi que eu gastei tanto dinheiro em tão pouco
tempo? Se eu pelo menos lembrasse com o que meu suado dinheirinho foi gasto eu
seria uma pessoa menos frustrada e com uma vontade menor de me atirar de um penhasco,
um penhasco que fosse perto e simples, não tenho dinheiro pra me matar em
grande estilo e nem para ir até o local do suicídio. Bom, até que não é uma
péssima idéia essa de me atirar num Vale de lágrimas, um valezinho chinfrim,
desses de graça. Eu não teria que me preocupar com as finanças do velório, ou
do caixão (interferência breve para reflexão extensa sobre a palavra
c.a.i.x.ã.o. – palavra bizarra e aleatória, você é depositada numa caixa grande
e nem para pra pensar sobre isso), nem teria que me preocupar com as dívidas
que eu poderia deixar, aliás, vou estabelecer um plano de morte na minha vida!
Antes de morrer vou comprar o mundo e parcelar em futuras vezes no crédito do
meu cartão free que é transparente e brilha, vou optar por lojas que dão aqueles
prazos legais e farsantes de três meses pra começar a pagar, farsantes porque
se você parar pra avaliar os juros embutidos no produto, você já começou a
pagar o produto há seis meses, mas como eu irei morrer, não ligarei para os
juros-peido-de-velho: discretos, porém mortais. Estabelecerei um cronograma de
lojas de acordo com os tais prazos, pobres vendedores inocentes, nem fazem
idéia de que estão caindo no meu golpe de morte, se possível começarei um
leilão com as lojas, as que me derem maior prazo pra começar a pagar terão
maior “lucro” comigo, as menininhas dos olhos, galinhas dos ovos de ouro
(pobres inocentes, pobres mesmo porque terão um puta prejuízo financeiro
[-pausa para as risadas maléficas-]). Terei que pensar muito sobre os prazos
porque eles estabelecerão meu tempo de vida pós-plano e quanto aos vendedores
irritantes que grudam mais que coco de cachorro no seu sapato novo e caro, irei
promover a gincana das compras, o que for mais serviçal, escravinho e súdito
será meu vendedor oficial, mas enquanto não coloco o plano infalível em
prática, fico com a tortura desumana provocada pela tal questão: Como foi que
eu gastei tanto dinheiro em tão pouco tempo?
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