quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vida

Vida essa nunca antes vista, nem vivida, nem sentida. Vida essa de restrições, subestimações, desilusões e não paixões. Desvivida, caminha, caminha, caminha fugida pra esconder sua falida alma sem emoções.

That's me!


terça-feira, 29 de maio de 2012

Relato de uma tarde às avessas.


Pós noitada de sexta ao som de Seu Jorge, pôs-se a voltar para o covil da nave mãe, onde se arrumaria e enfrentaria nova festança de sábado nos embalos da noite, mas, fugindo da rotina habitual, estendeu sua breve tarde até o centro, onde encontrou um tumulto de animação e como regra, onde há tumulto, há Bárbara! Ao som de rocks alternativos, reggaes e mpb às 2hs de sol quente, ficou a observar um pouco mais aquele rascunho de manifestação e fitou os cartazes com frases feministas ali jogados, tratava-se do fim da Marcha das Vadias, passeata em prol do feminismo que ocorre uma vez por ano. Vendo aquelas "vadias" mescladas com hippies com meia arrastão e rockeiras de dreads, pensou que poderia passar sua tarde dilacerando inúmeros pensamentos por ali, mas observou uma feira hippie ao fim do evento e nesse novo plano de jornada espiritual, correu rapidamente ao antro das especiarias feitas a mão com astral elevado e logo se deparou com um objeto lindo que chamou sua atenção, tratava-se de um apanhador de sonhos. Lindo, radiante, a chamando, a querendo e se querendo, observava tanto que o hipponga local foi lhe explicar mais sobre o objeto, inclusive sobre o preço pouco alto e ela, sem muito dinheiro logo foi agradecendo e elogiando o trabalho, se atrapalhando nas passadas rápidas e tropeçando entre os referentes t-r-i-n-t-a-r-e-a-i-s até que o hippie NUNCA ANTES VISTO, lhe agradeceu dizendo em alto e bom som: BÁRBARAAAA, que ecoou em sua cabeça tornando os olhos arregalados, e frio na barriga. Não sabia se acabava de lidar com um mago disfarçado e vidente ou se já estava rodada até nas feiras hippies, então preferiu pensar sobre a vidência do senhor com dreads e saiu com toda a curiosidade que houvesse nessa vida, mas saiu. Ainda atenta ao tumulto e com um arrepio na coluna cervical, direcionou-se à uns cartazes brancos com fotos de sementes, sociedade e mãe natureza e logo chegou um senhor todo de branco, com algum santo encarnado discorrendo sobre o cosmo, os espíritos, a evolução, raciocínio e blablabla, parou de escutar o senhor engraçado nos primeiros 20 minutos de proza. Voltou à feirinha mágica com magos videntes, dessa vez mudou a rota, foi pelo outro lado, talvez encontrasse uma fada verde ou qualquer outro ser místico e espantoso, mas não! Encontrou dois hippies p.a.z.e.a.m.o.r que lhe mostraram lindas peças e tornaram-se mehores amigos em instantes, contou-lhes sobre suas moradias, desventuras e fechou com um convite à sua cidade, uma faixa de crochê na cabeça e retornou abismada com a uma hora mais sinistra da sua vida, pensando sobre as vadias não-vadias, sobre o mago vidente, sobre o cosmo de branco e seus dois melhores amigos hippies. Foi-se, com novas lembranças agradáveis de uma tarde às avessas.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quando se abre uma ferida

Toda a resistência criada em anos a fio suprindo e esmagando aquela dor inconstante e tenebrosa em silêncio, todo o silêncio possível, sem nem um ruído de tristeza, sem um cochicho sequer de depressão interna e profunda, foi assim até que se esquecesse de vez, ou pelo menos deixasse de pensar todo dia, foi assim por inúmeros dias mórbidos e assassinos de qualquer possível vestígio de felicidade, era regra sentir aquela dor, virou regra. Passou um tempo e já se notava um sorriso tímido e sincero em meios às inúmeras gargalhadas forçadas, existia naquele coração um pequeno alívio que fazia dormir melhor nas noites frias, trabalho duro com esmero sucesso, pensava ela. Só pensava, coitada, após anos, sentiu na pele aquela dor novamente, forçada à tortura daquelas palavras sanguinárias de outrem, mandava que calasse com desespero em seus gritos e cachoeira ardente em seus olhos, via sua ferida recém cicatrizada sendo exposta à sangue frio com um canivete sem esterilização, sentia cada corte violento e queria fugir daquele ardor infernal, correu em busca do alívio momentâneo mais simples e como uma sedenta num deserto, entornou aquele copo de bebida forte concentrado e puro, sem nem fazer cara feia. Aquela bebida descia queimando e dilacerando as memorias afagadas. Bebia pra cair, bebia pra esquecer, bebia pra morrer.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Saciedade Insaciável

Aquela vontade consumia, vontade de se atirar de uma vez naqueles braços morenos de sol, vontade de se entregar, de se agarrar. Aquela puta vontade de puta queimava por dentro, cada pensamento sujo e desejo ríspido era um novo pacto com o diabo que ela quebrava ao abrir os olhos e sair do transe, jurava infinitos falsos amores, jogava com o primeiro que ousasse um eterno jogo de sedução que acabava em um segundo, tempo suficiente para que enjoasse e quisesse outros, novos jogos. Passava séria pela passarela fitando vítimas, olhava discretamente de canto de olho, soltava os cabelos, e os desvalorizava sem dó, lançava seu veneno e se desvalorizava. Noites sedentas quase nunca satisfeitas, queria mais, muito mais, queria algo que não encontrava nos botecos das noitadas, nem em pescoços, costas e cabelos desarrumados, queria menos vontades que consomem, queria prazer saciado, queria, queria, queria. Queria não mais querer.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Minuta Observação

Faltava-lhe cor em seus dias, cheiro em seu pescoço, gosto de boca molhada. Pôs se urgentemente a recuperar um tempo perdido para um tédio de tom cinza esfumaçado. Viver não ultrapassava as fronteiras de verbo intransitivo, se restringia à gramática e só, tudo uma questão de teoria, nada de prática. Entregou-se aos pecados do dia a dia e em demasiados braços diferentes, dançava sua valsa predileta de sedução e não compromisso. Em meio às deveras carícias, pensava quieta em sua satisfação momentânea, naquele prazer barato, e verdadeira solidão corrosiva e sugadora de sonhos a dois. As doses de bebida forte desciam queimando suas idéias e deteriorando sua sobriedade, levando-a as mais insanas perspectivas e criando novos arrependimentos pro dia seguinte, momentos típicos de tristeza contida nas mais profundas águas de seu oceano existencial. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ao amanhecer

Raiar com o sol toda manhã para que uma nova benção de novo dia nos seja concedida, para que outro raio iluminado de esperança cubra o horizonte de clareza e sejamos fortes mais uma vez durante essa nova oportunidade que nasce ao amanhecer

terça-feira, 15 de maio de 2012

Maioridade

Acabaram-se as abduções contantes pra nave mãe, não há copilotos extraterrestres disponíveis no mercado e a vida terráquea e sorrateira permanecerá pra sempre em torno de uma Estrela maior e queimante. Depois do 2222º aniversário (correspondente ao 18º na Terra) as coisas tendem a mudar pra quem está habituado ao cosmo constante, cor de dinheiro agora é vermelho santander, não mais vermelho arara, cheira à banco e à fila, tem ar de gente grande. Verbos ultrapassados de tecnologia inutilizada como "TELEFONAR" agora é regra e eu -exceção nesse quesito- devido à imensa antipatia pelo aparelho, criei boca, mas não fui à Roma. Dá-lhe dezoito, dá-lhe emprego.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dias mórbidos

Olhando pela fresta da janela embaçada de calor humano, via apenas tons de cinza escuro esfumaçado entre um verde morto de árvore antiga e um céu entonado por amargura. Entre as nuvens carregadas, passavam-se mil e uma imagens sobre o não sentido de sua vida, um relógio imenso se formava entre os vales sinalizando tempo perdido e futuro inóspito, impensável, talvez até improvável. Se tratava de uma tortura interna imensurável e uma infelicidade sem tamanho.

domingo, 13 de maio de 2012

Câmbio

Câmbio! Os extraterrestres não mais dão sinal de que existem em algum plutonito por aí, pelo menos não verdes e com dedos de 30 centímetros de comprimento. Talvez estejam presentes nos cosmos como feixes de luz espalhados, tirando onda de ETES à paisana com os terráqueos, enquanto se hilariam com nossa cara de repolho azedo. Ô seu moço do disco voador, por favor, me leve com você pra onde você for? Não sou Raul, mas sou loirinha e dou pro gasto.

sábado, 12 de maio de 2012

Cheiro de novo dia

Depois de a vida dar mais uma dessas eternas guinadas pra trás, fugindo outra vez de seus planos e te deixando novamente perdida, reconfortante mesmo é encostar a cabeça no travesseiro como se o amanhã fosse o recomeço de uma nova jornada de esperança com outras novas oportunidades, inovando e enchendo a alma de vontade. Se ainda houver alguma pitada de sorte do universo conspirando ao nosso favor, o dia vai raiar lindo, com pássaros na janela, gotas de orvalho caindo e um sol tão brilhante quanto o olhar de “o amanhã chegou” estampado em sua face. Tem sido esses dias assim surpreendentemente abastecedores que andam preenchendo minha vida com sabor, textura e aroma de novo dia.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Futuro do Pretérito

Então ela resolveu mudar, não sei bem, estava exaurida daquela mesmisse inacabável e sugadora de energia inexistente. Decidiu que a vida se basearia não mais por parâmetros tão cansativos como dantes, viveria num período destinado à felicidade e facilidade, seguiria adiante leve, calma e serena. Claro, assim como todos os outros amantes das comodidades, sofreria um pouco, são esses eternos ócios do ofício. Engoliria alguns sapos daqui, outras rãs dacolá, mas suportaria, pensaria em como alguns lugares representam Deus em sua imagem, em como músicas são plenas e poetizas, se levaria pra longe de tudo e de todos, viajaria aos céus, aos astros, só terminaria sua rota em meio aos Plutonitos e abraçada a um marciano. Mudaria de rota.

Bom dia pra quem?

Ao acordar, seu subconsciente já foi logo lhe enviando informações perpassadas pelo cérebro de que era sexta feira. Não pulou da cama entusiasmada, pelo contrário, voltou a dormir profundamente até que seu despertador ativasse a "soneca" pela terceira vez. Não havia mais desculpas, hora de levantar! De pé com a cara inchada e com uma vertigem sem igual, foi cambaleando até a cozinha tomar seu café forte e amargo, era uma dessas ressacas sem álcool, ressaca de vida. Seria cientificamente possível sonhar com festas e drinques e acordar com uma verdadeira ressaca? Não sei, mas aconteceu. Dor de cabeça infernal, coriza, ânsia, febre e tudo isso antes das 8hs da matina, quem iria ousar prever como seria o resto do dia...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Doces Recordações

Então me sento com meu café e minhas palavras inapropriadas, ambos muito bem posicionados de forma a facilitar minhas pequenas e detalhistas observações sem fundamentos. Hora observo o ambiente, o balanço das árvores e o barulho do vento, até me distrair com aquele aroma de chuva chegando que nos remete às mais diversas e felizes lembranças de quando éramos crianças e tudo se resumia em canções inventadas vinculadas às mais diversas coreografias de baixo da chuva, onde não havia publico, mas a sensação de ser artista era a mesma. Bons momentos esses de minha infância, baseavam-se em inúmeras sensações e situações inventadas, mais que isso, historias realmente acreditadas. Além de estrela, hora eu era rainha, hora eu era plebéia, não havia tempo ruim, cada tempestade de fim de tarde era cenário para algum castelo mal assombrado e que sempre acabava em um arco-íris, ponte para um lugar mágico e com muitos potes de ouro... Triste saudade essa que sinto quando lembro de meus tempos de artista.

No caminho para o inferno, abrace o capeta.

Pensando em alguma tragédia cômica grega, dessas que você lembra e tem vontade de chorar de dó, recordei-me de um tempo passado, dias de colegial, um específico em que levantei com pelo menos uns 10 pés esquerdos. Cinco da matina e lá estava ela, toda pomposa, cheia de si gritando carinhosamente com uma raiva típica de mãe nos olhos, não  entendo bem todo aquele 'carinho' matinal até hoje, sei apenas que pulei da cama, arregalei os olhos e bati continência imediatamente. Logo me veio a célebre notícia de que eu iria ter que ir até o ponto de ônibus (o qual eu tomava para ir a escola) ao estilo "Singin'n in the rain", já que estava chovendo e não se via nem sinal de qualquer guarda-chuva disponível, (em casa, guarda-chuva é igual pé de meia, os gnomos sempre roubam). Lá fui eu, não pulando e cantando na chuva porque faltou humor no momento, mas cheguei molhadinha por assim dizer. Como todos os seres animados, inanimados e não seres do Planeta, infelizmente eu tive o desprazer de sentir na pele como é ter um fracassado caso amoroso e como se não bastasse, o infortúnio da minha vida habitava o mesmo ônibus e a mesma escola em que eu fingia estudar. Entrei no ônibus depois de dar inúmeras tragadas em meu falso cigarro, mais conhecido como Combivent, e para melhorar só um pouco aquele lindo dia enchuvarado, o único lugar disponível (em meio a 39 outros lugares que poderiam sê-lo) ficava exatamente ao lado do finado falecido (para a nossa alegria). Bravamente, diga-se de passagem,  desfilei por aquele imenso corredor que parecia nunca acabar em momentos desastrosos, e não me sentei, resolvi ir em pé todo o caminho. Cada lombada era uma deslizada de Bárbara por assim dizer, mas o dia estava só começando e ainda havia uma mínima chance de a sorte virar, SÓ! Como eu involuntariamente estava em destaque, já que era o único ser de pé, resolvi me apoiar naqueles vidros em que colocamos o pé, localizados quase sempre atrás do motorista, vejam bem, QUASE SEMPRE, uma vez que o azar resolveu se unir às forças negativas dos astros, cosmo, buraco negro e macumbaria e me pegou de jeito naquele momento desvidrado em que eu quase caí no colo do motorista. Faziam 2 horas apenas que eu estava acordada.
Como se não me bastasse acordar aos berros,  o videoclipe independente de "Cantando na Chuva" numa versão abrasileirada e raivosa por assim dizer, o lugar ao lado do finado falecido, e a quase queda no colo do motorista, ainda fui contemplada com uma imensa enxakeka que se apossou do pobre amendoim que possuo no lugar do intelecto. Ainda assim, no auge da minha inteligencia, vendo que o dia não poderia ser menos propício pelo alto índice de "sorte desvairada" em que me encontrava, resolvi descer antes do inferno (escola) e abraçar o capeta. fui comprar meu rotineiro sonridor caf e dei de cara com um assalto à um estudante tolo (qualquer semelhança é mera coincidência) logo a minha frente. Sem reação, fui genial, resolvi me esconder atrás de uma árvore que estava a minha frente até que o meliante passasse, mas o meliante não passou, ficou lá no aguardo de mais um (a) estudante ignorantinho (a) e eu, garota fantástica, tive a iniciativa de atravessar a rua, como se eu fosse invisível e como se houvesse um vulcão em erupção ao meio, mas o pobre ladrão pé de chinelo, talvez por dó, talvez por pinga não me viu, e então segui pelas chamas ardentes do caminho para o inferno, ter uma adorável aula de matemática.

Insistência Interplanetária

Como sempre, em busca de novos meios de afagar aquele impetuoso tédio que a perseguia, resolveu criar um blog. Após inúmeras e insistentes tentativas não tão bem sucedidas dessas infinitas redes sociais, pensou: Porque não? e lá foi ela, desinibida, entediada e mau amada introduzir-se em mais um desses típicos Planetas tecnológicos isentos de extraterrestres.