quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Traços de uma semana no centro-oeste

Hoje faz uma semana que aterrissei nessas terras férteis e ricas do Mato Grosso que me renderão boas safras de dinheiro e é impressionante como a timidez tomou conta de mim de repente. Moro sozinha, o que pra mim é um alívio já que sou surtada com mania de limpeza e poderia cometer um assassinato facilmente se alguém deixasse um copo fora do lugar, mas o interessante daqui é que mesmo que cada um fique no seu quadrado, ninguém fica sozinho, exceto eu e minha timidez repentina. Por se tratar de um bairro universitário, existem espécies de "condomínios de quitinetes"  pra todos os lados, além de mercadinho, farmácia, sorveteria, pizzaria, bar, boteco, república, república, árvore, árvore, árvore, árvore, gato, gato, gato, gato (existe um número absurdo de felino procriando por essas bandas),  e todos são muito unidos, tenho certeza absoluta que cheguei a ver um gato unidíssimo à uma árvore ontem, quase uma cena proibida para menores (talvez eu tenha pesadelos com aquilo), as pessoas são muito simpáticas e atenciosas, alguns são preconceituosos como aquele encanador que me taxou como patricinha logo de cara sem nem me conhecer só porque sou loira, tava de vestido e sou de SP, bom... antes patricinha que puta, mas isso pra mim foi preconceito e não vi a menor graça, mal cheguei no Mato Grosso e fui alvo de preconceito por conta do meu Estado e aparência? E olha que eu tinha oferecido água, coca, suco e cadeira pro encanador hein, devia ter oferecido um tiro no meio da testa do sujeito também! Tirando o calor, aqui é perfeito e essa é a frase dita por todos os moradores de Rondonópolis, seja ele de SP, MG, TO, FDP, VSF, ETC, porque aqui tem gente de tudo que é canto. No meu "condomínio" tem gente de Goiás, Cuiabá, Tocantins, São Paulo, Paraibuna, e de outros lugares que eu ainda não sei devido ao fato que mencionei acima: uma timidez filha da puta tomou conta de mim e me fez ser uma decepção pro universo nessa semana que passou, mas to trabalhando nisso alcoolicamente falando (mentira). Tirando o calor (fase padrão) nada aqui me estressa, me irrita ou me deixa mal humorada, ontem foi o único dia que sofri de insônia, fui dormir às 4hs da manhã (o que aí em SP seria 5hs, existe um certo fuso horário) e por conta disso acordei super tarde hoje, mas já lavei roupa e tomei banho (na verdade lavei roupa no banho). Se eu fosse minha vizinha eu iria pensar que sou emo ou que morri dentro da minha casa, porque de dia eu quase nunca saio, não abro a janela, e mal abro a porta, pro ar-condicionado refrescar cada metro quadrado desse pequeno lar que chamo de meu, e não funciona muito na cozinha que vive um inferninho, mas meu quarto, aaaaaah meu quarto... é uma espécie de oásis no meio do deserto. Talvez a única coisa que me estresse um pouquinho (sempre tem que ter uma coisinha), é o chuveirinho do banheiro. Não sei porque é que inventaram aquela coisa inútil, quando eu era pequena podia até ser bacaninha, mas agora aquilo é um verdadeiro mártire durante o banho (tá, talvez eu tenha exagerado). Funciona assim, quando eu to finalmente relaxando numa boa, na aguinha fria de chuveiro que vive no desligado, aquele maldito chuveirinho escapa e voa água pra todo canto e IMPRESSIONANTE como ele sempre escapa quando eu tenho shampoo no cabelo, o que me faz levantar a cabeça rapidamente pra controlar a água desenfreada e o shampoo desce lentamente para meus lindos olhos. Esses dias quase tomei um tombo olímpico por conta do maldito chuveirinho inútil, mas fora o chuveirinho aqui tá bom demais, uai... Descobri também que a expressão "uai" não se restringe aos mineiros, os mato-grossenses são pioneiros nesse lance de "uai", cada ué meu é um uai deles, bacana isso uai. Também to ficando lenta, muito lenta, basicamente vegetativa por assim dizer. O calor faz essas coisas com a gente, deixa a gente mole, lerdo, lento, mongol, (os baianos que o digam) mas o calor infernal deixa a gente vegetativo. Meu vizinho me olhou com piedade agora pouco e me mandou uma sms dizendo: vida morgada essa sua hein! E não vou negar, não existe vida mais parada que essa minha por enquanto. Não sei se é a fase de adaptação, mas não faço absolutamente nada, só espero o dia acabar. Nunca pensei que diria isso, mas cairia bem a aula começar logo, meus neurônios estão atrofiando e isso não é normal pra quem não é dada à queimar um, to com neurônio queimado sem nem ter tido a brisa bacana que queima o neurônio. Injusto isso aí! Agora vou visitar a mãe do meu vizinho que é super bacana, ela às vezes me dá comida. (Não levem à sério, tem muita comida na minha geladeira hahaha foi só uma brincadeirinha). Fui! 

sábado, 24 de novembro de 2012

Primeiros dias de mato-grossense

Claro que não sou uma mato-grossense e nem serei uma tão logo já que nasci no interior de SP, mas como optei pelo desafio de viver como uma mato-grossense, cá estou eu num mato sem cachorro, mas com muitos gatos malhados (felinos mesmo ), os quais eu não posso alimentar de acordo com meu contrato de locação, mas que alimento mesmo assim. Após muita turbulência, uma quase queda de meu avião, alguns gritos de uns passageiros, e um piloto filho de uma égua, que deveria estar bêbado, aterrissamos, ou pior, quase chegamos ao núcleo da Terra após a tentativa falha de aterrissagem daquele piloto mal amado da Trip (falo mesmo, PÉSSIMA empresa aérea), e NÃO ESTAVA CALOR, isso mesmo, a temperatura estava por volta dos 27º C o que é normal na cidade pequenina e velha de Paris, logo pensei, opa, comecei bem com o clima... engano meu! Cheguei, chequei os móveis, me frustrei com o tamanho minúsculo de minha quitinete (acho que antes eu ainda não tinha me dado conta do que é de fato uma quitinet), e fui direto no ar condicionado! Ah, o ar-condicionado.... Acho que não existe invenção melhor nesse mundo, tenho plena certeza que foi uma mato-grossense à beira da loucura que inventou o célebre ar-condicionado. Liguei o tal! O tal ventilou, ventilou, ventilou, só ventilou, opa.... como assim só ventilou, porque cargas d’água meu ar condicionado tá só ventilando? E eu suando, suando pra valer! Nessa altura do campeonato, a temperatura já havia subido uns 10ºC! Me estressei. Se tem uma coisa que me estressa profundamente é o tal calor, e eu sei que escolhi o lugar errado pra viver por cinco anos já que detesto sol, mas detesto ainda mais um ano de cursinho. Acordei louca de emburrada, minha tromba atravessava a Bolívia e eu brava, muito brava, tomei um banho morno que estava com o chuveiro no gelado, por meia hora. Me desculpa meio ambiente, mas eu estava estressada demais pra pensar na natureza! Xinguei até a quadragésima quinta geração desse ar-condicionado e de quem me vendeu até descobrir que a errada era eu, eu é que não estava colocando na opção “+frio” que estava bem na minha fuça. Essas pessoas que vendem ar-condicionado deveriam começar a pensar seriamente em investir no aumento das letrinhas do aparelho. Meu quarto esfriou, fiquei feliz por um tempo, até mudei os poucos móveis de lugar, mas tive que sair cuidar da parte burocrática da coisa. DETESTO BUROCRACIA! Também odeio andar muito, agora junte na matemática (que eu também detesto): andar muito + no sol + resolver burocracias no Mato Grosso + calor infernal + Rua sem Ar Condicionado = Bárbara muito, mais muuuuuuito bravinha e estressada. Eu e minha mãe (que possui toda a paciência do mundo) pegamos um ônibus, descemos no lugar errado por minha culpa e andamos por meia hora deibaixo do sol. Depois andamos por mais vinte minutos por baixo de uma tempestade que nos deixou encharcada para chegar até o lugar que transfere a conta de água. Acontece que a leitura foi feita ontem e o MALDITO SISTEMA DO COMPUTADOR DA MOCINHA não deixou a gente transferir o negócio, ou seja, andamos esses cinquenta minutos no sol e chuva pra absolutamente nada! DETESTO BUROCRACIAS! Depois andamos mais meia hora embaixo do sol pós evaporação da chuva que choveu minutos antes (o ciclo da água ocorre realmente rápido por essas bandas quentes) para passar a energia para o meu nome, esperamos uns quarenta minutos na fila, mas foi ótimo porque havia ar condicionado e cadeira confortável no local... eu poderia passar o resto da vida ali numa boa! Depois de resolver pelo menos uma burocracia e já com o dia acabando, andamos mais meia hora e fomos à um atacadão que se chama ATACADÃO, parecidíssimo com o Tenda de sjc, lá tinha café e eu fiquei muito feliz com isso já que por aqui é super difícil encontrar café à tarde. Compramos umas coisas de dona de casa, e fomos na chuva novamente que provavelmente era fruto da evaporação da  outra chuva anterior daquela mesma tarde, até as Casas Bahia comprar um novo Notebook já que o meu morreu de vez. Enquanto eu olhava, minha mãe deu a célebre escapadela de sempre, na qual ela me deixa com todas as compras e some por ai, foi até a Pernambucanas que ficava longe dali e nós estamos no Mato Grosso e não em SJC. Após meia hora de espera, peguei todas as compras pesadas e saí na chuva atrás da Pernambucanas e da minha mãe que haviam sumido, eu estava muito, muito, muito brava, mas precisava de um notebook, então um sorriso logo tomou conta do meu rosto. Compramos e esperamos mais uma hora na fila com ar condicionado, só que de pé, o que não foi muito bacana pra quem passou o dia inteiro andando, e voltamos pra minha casa, my place, meu barraco, comemos e eu capotei com toda a dor de cabeça e ância do mundo... Depois acordei de madrugada com uns loucos ouvindo musica altíssima. Deviam ser alguns adolescentes usufruindo de suas sexta-feira e então voltei a dormir. Acordei às 7hs tomei um banho, café, lavei roupa e sofri preconceito de um mato-grossense, isso mesmo, eu fui alvo de preconceito nessa bela cidade, mas isso é assunto pra uma próxima postagem, agora vou ver se arrumo a senha da internet. Fui!

sábado, 17 de novembro de 2012

Os 5 dias

Faltam 5 dias para eu deixar pra trás a velha Paris, cidade das águas escuras. CINCO dias, que parecem um milênio, mas que ao mesmo tempo parecem cinco minutos. Até então eu estava estável, pensando no quão equilibrada eu sou, sensata, ponderada e corajosa, acontece que é mentira, meu corpo andou me enganando por esse tempo todo se fazendo de bad ass, mas agora que me dei conta que daqui c-i-n-c-o dias, neste mesmo horário, eu estarei definitivamente num outro lugar, me borrei toda (não literalmente, porque com o nervosismo, meu intestino resolveu travar pra sempre). Serão cinco dias sem ir ao banheiro, sem saber me organizar, forçando a mente pra não deixar nada pra trás, forçando os olhos para captar qualquer movimento brusco de minha mãe, como por exemplo o que fazer quando o gás acabar. Nunca achei que teria esse tipo de questionamento na minha vida tão cedo, na verdade, sempre soube que eu teria já que meu destino me empurrou pra uma direção contrária à dessas donas de casa, e agora assim, repentinamente, percebi que terei cinco míseros dias pra aprender a trocar chuveiros, fazer feijão, deixar meu apê em ordem, mantê-lo em ordem. Ontem fui à americanas comprar uma pringles, como de costume, e me deparei com um jogo de panelas super bonitinho, roxinho, da tramontina. Nunca pensei que minha atenção se ateria à um jogo de panelas, depois à um jogo de talheres e por fim ao preço de ambos me lembrando que não caberia comprá-los na minha atual situação de pindaíba. Tenho cinco dias pra aprender a administrar meu dinheiro. Fico pensando sobre o restante dos dias que me passaram, no que é que eu estava pensando, o que é que eu estava fazendo, porque é que eu não estava me organizando fisicamente e mentalmente pra encarar numa boa a chegada desses 5 dias tão horripilantes e me dei conta que antes eu não tinha me dado conta. Tenho essa mania chata e cheia de consequências de nunca me dar conta de nada. Me lembro que nesse último mês, me esforcei como um camelo pra dar conta de pelo menos uma coisa: meu trabalho. Nesses oito meses de trabalho, descobri que apesar de ainda ser muito irresponsável e adolescente, levo extremamente à sério meus compromissos. Sou dessas que perde noites de sono pensando sobre o laudo ambiental, parecer técnico, vistoria, notificação, burocracia, blablabla, mimimi, todas essas coisas que ocuparão minha cabeça no dia seguinte e que eu provavelmente darei conta porque pra mim, trabalho é compromisso e compromisso é coisa séria. Talvez tenha sido por isso que eu tenha me esquecido que um dia os cinco dias chegariam, estava ocupada demais trabalhando demais. Valeu a pena, aprendi a beça! O que me atormenta mesmo nesses cinco dias não é tanto pensar na solidão futura, porque eu adoro a solidão, adoro meu espaço, adoro ter meu ritmo,  é pensar em ter que crescer como gente, porque apesar de eu ja ter crescido um pouquinho como profissional, não vou negar, minha vida é boa. Minha mãe batalhou a vida inteira pra me dar uma vida boa e eu não vou abrir mão dessa vida e virar franciscana, não sou santa ou mané. Penso sobre as contas de água, luz, esgoto, entre outras que eu terei que pagar e o pior, que não poderei esquecer de jeito nenhum, o que é um grande problema já que minha memória é péssima; Penso sobre a comida que terei que preparar se não quiser morrer de fome e modéstia parte, eu cozinho horrivelmente mal; Penso sobre a roupa que terei que lavar entre um período da faculdade integral e outro, penso, penso, penso e surto com esses cinco dias que me restam. Cinco dias repletos de muita tensão, e eu realmente espero que pelo menos meu intestino funcione nesses cinco dias. Até qualquer dia, fui.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Guia prático para sobreviver no vermelho.


Por mais que você negue, gargalhe da flagelisse do seu primo (que vive endividado) sem lembrar do velho ditado: "quem ri por último..", pense que nunca adoecerá desse mal horrendo que obrigatoriamente te suga as disposições de sábado a noite te fazendo ficar em casa por falta de um mísero tostão, jure que nunca irá se emocionar quando encontrar 5 reais perdidos em seu bolso... O vermelho sempre te alcançará! SEMPRE. E é por conta dessa minha experiência sórdida e deprimente que agora, do nada, sem resenhas ou rascunhos, nem ideias fantásticas ou engraçadas, elaborarei um pequeno guia prático sobre como sobreviver a algumas experiências radicais e novas nessa fase de classe média endividada que apareceu esporadicamente sem ser convidada. 

(Importante ressaltar que todas as dicas aqui mencionadas, foram idealizadas à partir de estudos reflexivos de alto calão e fatos verídicos deprimentes, ocorrentes nesses últimos três meses da minha vida de flagelo.)

DICAS PARA SUPERAR A PINDAÍBA, boa sorte! 

1 - Guia prático para se andar no shopping, no vermelho (e não se trata de tapete vermelho porque você é importante, se trata do vermelho negativado na sua conta, até porque você não é tão importante para os outros que não seja a sua mãe. No máximo, pode-se dizer que trata-se do vermelho de raiva que você fica sem grana):
Dói né andar no shopping e ver aquele consumismo adoidado, desnecessário se alastrando pelas bolsas victor hugo que não são suas, ver aqueles vestidos zara longos e lindos saindo nos braços de um outro alguém que não é você, ver aqueles sapatos de grife sapateando na sua cara de vontade. Mas tudo bem, nada é tão ruim que não possa piorar, você sobrevive... Nada que uma pizza enrolada de R$1,50 na americanas não dê jeito, é uma amarrada só no estômago praquele sorrisão de desconforto estomacal aparecer em seu rosto suado de quem teve que andar bastante pra evitar gastar com bus. Você deve estabelecer alguns critérios em sua vida de pindaíba ao ir no shopping, como por exemplo, colocar em prática o velho hábito de apenas olhar pra frente custe o que custar, nunca, JAMAIS, dê sequer uma espiadinha de canto de olho naquela sua loja adorada, porque nós somos fortes e não somos sadomasoquistas! Quando a vontade dessas lojas chegar forte, corra pro calçadão, porém, como o custo de vida anda meio alto até por aquelas bandas (sem dinheiro, até o Divino teria custo de vida alto), não vá muito alvoroçado às compras, porque no fim do mês, seu cartão certamente te dará um tapão servido no meio da sua cara de endividado. Respire fundo, abrace o produto, sugue a vontade de tê-lo com seu pensamento e não com seu dinheiro e vá embora com suas mãos abanando, no fim das contas você se sentirá vitorioso. 

2- Guia prático para se virar no sábado à noite: 
Nos embalos de sábado à noite, opte por não ir imediatamente ao barzinho de costume que te cobra uma fortuna só pelo couver, pense em fazer uma pequena parada antes, como um programinha novo, desses gostosos que seu primo que bebe corote com coca faz. Nada é tão ruim que a bebida não dê jeito! Se arrume que nem diva, se vista para matar e saia como se fosse jantar com Jude Law em algum point de L.A, não precisa ser apressada, quanto mais você demorar a sair, mais bêbadas estarão as pessoas na rua e mais relapsas também, o que te deixará livre para poder fazer aquela seu pit stop. O tal pit stop nada mais é que uma parada discreta num bar fuleiro, porém barato, onde você beberá tudo o que iria beber no barzinho careiro, mas pela metade do preço. Isso tudo é jogada de empreendedor, meu bem, tem que saber onde aplicar e quando aplicar. (Claro que se você soubesse como aplicar, você não estaria nessa situação lamentável agora, mas força na peruca e salto no pé, mesmo que do calçadão!). Arrisque uma caipirinha normal uma vez na vida e não uma daquelas que você é acostumado a beber que provavelmente venha líquidos de ouro, devido ao preço absuuuuuurdo, ou então como faria uma amiga, entorne o fogo paulista mesmo e já era, deixa a felicidade fluir e bora pro barzinho de costume, pagar apenas o couver. Economia é tudo nessa vida.  

3- Guia prático para locomoção:
Caso você não tenha carro moto ou uma alma boa que te dê carona pra balada, não opte por táxi, estudos recentes indicam que vem crescendo continuamente o índice de assaltos à mão desarmada pelos taxistas da grande Paraibuna. Ontem ouvi que um deles cobrou 20 reais pra levar uma menina do centro ao cuba, quase uma extorsão. Se você tem pernas, abuse do chinelinho na bolsa e caminhe até a festa, depois você coloca seu chinelinho havaianas branco com alça azul de 2001 na bolsa e sobe no salto. Se você não tem pernas, abuse de sua cadeira de rodas, aproveite as descidas, pegue embalo e chegue mais rápido na festa, apenas tome cuidado com seu penteado, ninguém gosta de um cabelo embaraçado pós ventania doida. Se você tem carro, pegue um pouquinho de gasolina emprestado do vizinho com um pedaço de mangueira cortada também do vizinho, se você tem moto, vá de moto porque é super econômica e ótima. Mas vá! Não deixe que a pindaíba acabe com sua festa.

Sem escolhas, entrei no clima de corte de gastos de corpo, alma e bolso. Siga as dicas e sobreviva você também!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nota sobre tais queimadas descompassadas

Funciona mais ou menos assim: a água da chuva cai sobre a folhagem das árvores, escorre mansamente pelo tronco, chega no solo, onde é absorvida e acumulada no lençol freático e ai, TCHARAMMMM, pode brotar água da sua terra, dá-lhe uma nova nascente! Olha que lindeza de natureza! PORÉM (impressionante como na vida humana sempre há um porém), existem uns flagelados mau amados e loucos de ignorantes que não sabem cuidar de suas terras e de repente querem tudo "limpo", ai juram que a melhor opção é tacar fogo no terreno, como se o fogo não se alastrasse e não afetasse mais ninguém. Acontece, que num terreno "limpo" que foi queimado cruelmente por alguém que pretende comer fumaça num futuro sem alimentos, a água da chuva passará como enxurrada e levará consigo o resto dos minerais existentes naquele solo, extinguindo a possibilidade de haver novas nascentes no terreno, ou até o capim pras suas mães (já que muitos ateiam fogo pleiteando pasto) e fazendo com que as que já existiam, morram sordidamente. Um verdadeiro atentado à natureza! Uma natureza que nos propicia alimento, sombra e água fresca!!! AHHH, NA MORAL, vão pra puta que pariu! Ninguém é mais tão inocente a ponto de não saber o problema grave que são as queimadas e ainda mais, ninguém é tão alienado a ponto de não saber que isso é crime. Torço pra que o corpo seco em osso e osso (não deve haver muita pele) enfie uma tocha fervente em seus orifícios criminosos.. e digo mais, tomara que a terra os engula e os tais disseminadores  de fagulhas, sejam tostados no quinto dos infernos ferventes... Panacas! 

domingo, 4 de novembro de 2012

Trégua do universo

No meio de tanta merda, eis que há um dia de trégua! Quando a vida tá difícil o bastante pra você querer desperdiçá-la  na cama, dormindo, sozinha, no escuro por um mês inteiro, porque esse seria o único jeito de nada de ruim te acontecer (exceto pelos fantasmas mau amados que poderiam te infernizar), um dia o universo finalmente fica com dó e resolve abrir uma exceção. Um dia de luz no fundo do poço, com seus poréns, claro...  porque nada é fácil demais!
Depois de uma madrugada turbulenta, com muita dor de cabeça, vômito, choro e preocupação de mãe com  os cachorrinhos que ainda me restam, acordei antes das 8hs pra não perder a hora da tatuagem que finalmente consegui marcar. Não consegui comer direito, me arrumei depressa com toda a dor de corpo que houvesse nessa vida e fui em cima da hora correndo pro ponto. Descobri que esqueci meu pen drive com a árvore que eu iria tatuar, voltei correndo. Desci com dor no corpo inteiro, suando e mais do que encima da hora pra pegar o bus, que por sinal estava mega, ultra, master, blaster cheio de pessoas idosas que preferiram deixar as janelocas fechadas, mesmo com as 50 pessoas de pé no corredor. (Um beijo pra eficiente litorânea que magicamente criou ônibus que comportam até 300 pessoas). Esse foi o início do meu dia de luz no fundo do poço, por incrível que pareça. Fui rindo à toa porque antes de sair de casa, me deparei com o Bento e Betina que estavam sumidos de madrugada (motivo das minhas lágrimas), e com essa onda de assassinato de animais que já me tomou a Miuxinha, ando muito sentimental com relação à bicharada. (Se eu pego o doente mental, filho de uma monstra, asqueroso, puto, bastardo, flegelado de ânus enorme, calhorda, mal amado, recalcado, avulso que fez isso à pobrezinha da Miúxa, eu viro Dexter.) Cheguei cheia de coragem pra passar mais dor ainda e tinham algumas moças na minha frente. O stúdio tinha paredes de vidro, então eu seria atração por algumas horas com minha cara de dor para as pessoas que subissem, descessem a escada rolante ou que estivessem de passagem por ali mesmo, ou seja, pra geral! Incrível como me senti estrela, teve um momento em que umas 15 pessoas estavam acumuladas na parte de fora do stúdio, avaliando minha performance de pessoa forte que não faz careta. Sou dessas! Entre essas pessoas, por coincidências da vida, vi três parentas que não via faz tempo, de passagem pelo local, escolhendo um piercing pra mais novinha, tentei esconder meu rosto de dor, mas não foi possível... Eu era mesmo aquelas galinhas nos fornos de restaurantes. Fiz minha árvore que foi escolhida a dedo, e que foi rejeitada por dois tatuadores devido à imensa dificuldade de ser feita, e ainda houveram algumas rejeições  depois de feita, por parte de alguns amigos bobinhos. As pessoas não entendem que o fato da minha árvore ser colorida e meio sem forma, é porque eu sou uma pessoa com olhos artísticos que adora coisas impressionistas, então façam o favor de rejeitar minha árvore pra lá, seus sem visão para a arte!
 Enquanto eu fazia minha tattoo e parecia que minha perna pegava fogo, fiz amizade com um dos tatuadores do local que por incrivel que pareça, adora Parisbuna. O cara é igualzinho ao Jack Sparrow, tanto que ele faz trabalhos vestido de Sparrow e é sangue bom pra caramba. Incentivei o rapaz a montar um stúdio aqui na cidade pequena, e parece que ele vai mesmo, nada que um marketing dozamigo não resolva! (Stúdio Punk Tattoo - Shopping do Centro de SJC. Tattoos bem feitas, não muito caras e ainda com tratamento vip... Recomendo, me senti num SPA!) Antes de sair ainda fui convidada pelo tal Tarcísio Gente Boa Sparrow a participar do motoclube que ele montou, agora imagina se eu com toda essa minha tendência a motoqueirisse, não amei? Saí de lá com vários brindes, um convite e um contato novo, o que foi extremamente assustador pra quem estava assustada com as caras de mau dos rapazes. Após esse episódio bacana, resolvi migrar pro antro dos trabalhadores que vivem no vermelho e fui ao calçadão. Tô sem grana faz tempo, como já foi mencionado por essas bandas, andei devendo minha vida e isso quer dizer que o pagamento que caiu agora dia 30 já foi quase inteiro e pra uma pessoa consumista que ainda tem que comprar algumas coisas, tive que optar pelo calçadão. Impressionante como os lojistas do calçadão perderam a noção de preço! Se eu fui até o calçadão, era porque eu queria coisa barata, mas o povo de lá anda com o rei na barriga e tão jurando que viraram Boulervard, a coisa tá tão boa pro povo de lá que querem a qualquer custo enfiar brindes na gente. Passei em frente á uma dessas lojinhas de bijou e a mocinha gritava na minha orelha que o papelzinho que ela queria me enfiar, era pra brinde, que era só entrar na loja, que não precisava comprar nada... MINHA FILHA, EU DETESTO BRINCO E NÃO QUERO SEU BRINDE DA PIEDADE, VAI ENFIAR SEU BRINDE..... 
Foi difícil ficar naquele lugar bem habitado, com uma tattoo recém nascida, calçadão infernal, cheeeeeeeeeeio de gente e com as lojas explodindo de vendedores treinados na chatice, quis sumir imediatamente de lá e prometi não voltar tão cedo. Isso porque eu só queria achar alguma roupa meio hippie pra uma festa que eu vou (Uma HEADband vagabunda e feia tava custando 15 reais, absurdo) Esse povo anda acabando com a imagem hipponga com esse consumismo todo, desde quando pedaçoes de pano que o povo paz e amor usava nos anos 60, tem que custar 80 reais? ABSURDO! Lugares cheio de gente me desesperam numa proporção tão horrenda, que involuntariamente, saio correndo e gritando em meio a um desses surtos psicóticos. Voltei pra minha casinha feliz da vida porque consegui fazer minha tattoo, ganhei vários brindes, fui convidada a participar de um motoclube, e o mais importante, iria chegar em casa e rever Bento e Betina... E sem medo, tive que considerar esse dia, mesmo que meio atormentado, como um dia de alívio na minha vida que anda sem eira, nem beira. Quem sabe esse não seria um sinal de trégua do universo? Qualquer dia volto com outros relatos, porque imaginação hoje em dia também anda numa lástima só. Fui.