"Já faz quase três
anos", ele disse, num tom simpático. "Não é possível que você ainda
tenha raiva de mim!"
"Bom...", tentei
contra-argumentar, "não é que eu não goste de você... mas odiar é uma
palavra forte, você não acha?"
"Como assim, eu não falei
odiar."
Prossegui, sem prestar muita
atenção no que ele dizia: "Ninguém aqui tá falando de nojo. Eu não sinto
ânsia de vômito toda vez que alguém menciona seu nome numa conversa de
bar."
"Quê?"
"Não é que eu olhe pra você
e queira socar essa sua cara estranha e desproporcional até ela ficar ainda
mais estranha e desproporcional, se é que isso é possível. Quer dizer, eu disse
em algum momento que sentia vontade de cuspir em cima de você? Calma aí, né?!
Vamos ser sensatos. Não é como se eu desejasse que seu corpo entrasse em algum
tipo de combustão interna e você explodisse e começasse a pegar fogo do nada. E
depois você ficasse correndo de um lado pro outro, em chamas, urrando de dor,
feito um demente dos infernos, que de fato você é. Seu demente dos
infernos."
Ele ficou mudo.
Eu sorri e dei dois tapinhas em
seu ombro, como quem diz "desejo tudo de melhor pra sua vida". Vocês
sabem, não sou de guardar rancor.
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