sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre o sonho de experimento extraterrestre.

Ela queria ir, ele não. Na verdade, ele era mais um típico mala sem alça, desses pedra no sapato que nunca querem ir a lugar algum, nunca. Um brocha! O relacionamento nunca foi dos mais sérios, ela se esbaldava pelos bares na madrugada enquanto ele criava formas de prendê-la a qualquer custo, mas ela foi! Foi com tudo, foi decidida, foi sem rumo, destinada a se perder em meio aos inúmeros copos e corpos ardentes que muito se vê por ai. Ela foi.
Oito da manhã, com uma vertigem de vadia louca, dores desconhecidas pelo corpo torto, roupas que não eram dela, (aliás, total ausência de suas roupas) acordou sem saber onde estava ou o que havia acontecido, começou a gargalhar desordenadamente por sua frequente falta de memória, olhou para o lado e se deparou com alguém. Não era ele ou qualquer outro flagelado com quem infelizmente se deparava nas noites, tratava-se de um bode que berrava sem parar em sua cabeça latejante. O bode intrigante a encarava desordenadamente e exauria seu cheiro nada agradável. Seu corpo coçava e enquanto  retirava a folhagem, serragem e vestígios de palha espalhadas pelas suas roupas e partes, tentava entender o que se passava, não havia nada ou ninguém por perto. Estava num celeiro distante e estranho, com inúmeras galinhas a sua volta e um bezerrinho tentando mamar em seus seios. Se levantou cambaleando e percebeu que faltava uma perna em seu corpo, deu um berro horrendo que agitou os animaizinhos ali presentes e tomou um coice de um touro brabo, que até então havia confundido a moça com a vaca mãe do bezerro. Pensava a Bela:
-Talvez eu seja uma lobisomem e tenha me transformado com a lua cheia de ontem, se é que ontem realmente existiu..
-Talvez eu tenha sido raptada por tartarugas ninjas ou vampiros e fui abandonada nesse lugar..
- Possivelmente eu esteja sob efeito de algum chá que tomei, existem muitos estrumes por essas bandas e muitos cogumelos nascem nesses ambientes! Não sei.
Enquanto se martirizava e imaginava mil e uma histórias que podiam ter lhe acontecido, lembrava apenas que  na noite passada abandonou seu namorado bobo da corte e foi, foi sem rumo e desgovernada. Tão desgovernada que não fazia ideia nem mesmo a qual governo pertencia naquele momento, ou em qual País estava. Avistou uma câmera! Uma câmera com formato de bala de yogurte que girava continuamente em sua direção a deixando cada vez mais tonta e enjoada. Sem uma perna para correr, vomitou no primeiro animal que viu, era um ganso. A piranha desgovernada afogou o pobre ganso. Limpou seu rosto e percebeu que tinha um fucinho, aquilo não era normal, já havia dado falta de uma perna e agora seu nariz grande e pontudo havia se tornado um fucinho? Aquilo realmente não era obra de Deus. Horrorizada, agora sem tantas gargalhadas, começou a correr, perdão, pular rapidamente feito um saci pra longe daquele celeiro do capeta, quanto mais pulava, mais os animais berravam e a encaravam. A vadia não mais bebada, apenas louca chorava desesperada suas lágrimas de crocodila, foi quando avistou alguém. Uma sombra tinha pulado pra trás de um dos incontáveis cupins de abelhas (sim, de abelhas) com tamanha agilidade que a moça dada a diversões nada recatadas, conseguira ver apenas uma sombra verde de alguém pequeno. Seria um gnomo? Àquela altura do campeonato, não duvidava de mais nada. Estava apreensiva e com medo de que as abelhas a perseguisse e a coitada caísse de cara no chão como um cotoco despernado. Mas guerreira que só, caminhou, minto, quicou até o cumpimcoméia.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! Gritou.
Desesperada, tentou fugir quicando, rastejando, imitando uma minhoca rapidamente em direção oposta depois do que havia enxergado. Como ainda lhe sobrava mãos, coçava seus olhos vermelhos e pelo branquinho com rapidez e se beslicava pensando estar em um devaneio desses sonhos medonhos. Não era um gnomo, Era seu desprezado namorado, agora verde e baixinho com uma voz estranha, olhos pretos e grandes, cabeça oval e dedos enormes. Seu namorado desprezado na verdade era um ETE disfarçado e a moça biscate sem perna e fodida era seu trabalho de conclusão de curso na Terra. Ela era um experimento e ele possuía um tranquilizante. Via triângulos azuis, índios em árvores, bolhas de sabão com o rosto do Lombardi e lentamente foi acordando de uma sensação estranha de dopagem. Estava em cima de uma mesa, acorrentada com uma roupa de papel alumínio e um pára-raio na cabeça, enxergava pouquíssimo com seus olhos puxados que lembravam vaginas, no demais imaginava bastante. Conseguia visualizar uma coisa grande, comprida e verde que ia e vinha numa frequência agil, sentia algum incômodo, mas nada que já não haveria sentido em inúmeras noites a fio, às vezes até três vezes a noite. Era uma SERINGA diferente agulhando seu traseiro , que perfurava e saía na tal frequência ágil afim de incumbir todo o líquido roxo com efeito laxativo que certamente fazia parte de algum processo científico extraterrestre. A moça estava inteiramente cagada. Olhou para o lado e avistou sua perna perdida balançando num recipiente de vidro ao lado de seu nariz grande e pontudo que se movia pra lá e pra cá como uma barata tonta sem olhos que tenta sair de uma armadilha. Talvez estivesse em Júpiter, não sabia ao certo. A nave espacial continha apenas uma janela que mostrava o espaço sideral e a lua cheia com suas crateras gigantes e extremamente próximas do disco voador. Pensou ter visto São Jorge e o Dragão, mas na verdade era apenas o pequeno príncipe com sua rosa. A lua crescia cada vez mais, a moça toda retalhada sentia uma coisa estranha em seu corpo, seu pelo branquinho e olhos vermelhos começaram a crescer e tomar proporção, seu fucinho criou dentes gigantes e sanguinários, cresciam unhas afiadas em sua perna que estava no recipiente de vidro ao lado. A moça era de fato uma lobisomem, uma lobisomem albina e espacial que tomava proporções tão grandes que o disco voador ficou pequeno e poderia ser arremessado que ela iria correndo pegar abanando o rabinho ao estilo "pega rex". O namorado extraterrestre e científico recolheu rapidamente sua seringa grande e verde para dentro de sua calça espacial e tentou correr, mas mesmo perneta as proporções de uma lobisomem são outras, são ágeis e grandes e o ETE bobo da corte logo virou lombo da corte na bocada única que a moça dera. Exterminou todos os ETES ali presentes, quebrou o vidro do disco voador e pulou na lua. Matou a rosa, e não achou o pequeno príncipe que havia fugido rapidamente pro Planeta do rei. Pulou no espaço em direção a Terra e dormiu na queda.
Oito da manhã, com uma vertigem de vadia louca, dores desconhecidas pelo corpo torto, roupas que não eram dela. Acordou sem saber onde estava ou o que havia acontecido, começou a gargalhar desordenadamente por sua frequente falta de memória e decidiu parar de beber.


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