Claro que não sou uma mato-grossense e nem serei uma
tão logo já que nasci no interior de SP, mas como optei pelo
desafio de viver como uma mato-grossense, cá estou eu num mato sem cachorro,
mas com muitos gatos malhados (felinos mesmo ), os quais eu não posso alimentar
de acordo com meu contrato de locação, mas que alimento mesmo assim. Após muita
turbulência, uma quase queda de meu avião, alguns gritos de uns passageiros, e
um piloto filho de uma égua, que deveria estar bêbado, aterrissamos, ou pior,
quase chegamos ao núcleo da Terra após a tentativa falha de aterrissagem
daquele piloto mal amado da Trip (falo mesmo, PÉSSIMA empresa aérea), e NÃO
ESTAVA CALOR, isso mesmo, a temperatura estava por volta dos 27º C o que é
normal na cidade pequenina e velha de Paris, logo pensei, opa, comecei bem com
o clima... engano meu! Cheguei, chequei os móveis, me frustrei com o tamanho
minúsculo de minha quitinete (acho que antes eu ainda não tinha me dado conta
do que é de fato uma quitinet), e fui direto no ar condicionado! Ah, o
ar-condicionado.... Acho que não existe invenção melhor nesse mundo, tenho
plena certeza que foi uma mato-grossense à beira da loucura que inventou o célebre
ar-condicionado. Liguei o tal! O tal ventilou, ventilou, ventilou, só ventilou,
opa.... como assim só ventilou, porque cargas d’água meu ar condicionado tá só
ventilando? E eu suando, suando pra valer! Nessa altura do campeonato, a
temperatura já havia subido uns 10ºC! Me estressei. Se tem uma coisa que me
estressa profundamente é o tal calor, e eu sei que escolhi o lugar errado pra
viver por cinco anos já que detesto sol, mas detesto ainda mais um ano de
cursinho. Acordei louca de emburrada, minha tromba atravessava a Bolívia e eu
brava, muito brava, tomei um banho morno que estava com o chuveiro no gelado,
por meia hora. Me desculpa meio ambiente, mas eu estava estressada demais pra
pensar na natureza! Xinguei até a quadragésima quinta geração desse
ar-condicionado e de quem me vendeu até descobrir que a errada era eu, eu é que
não estava colocando na opção “+frio” que estava bem na minha fuça. Essas
pessoas que vendem ar-condicionado deveriam começar a pensar seriamente em
investir no aumento das letrinhas do aparelho. Meu quarto esfriou, fiquei feliz
por um tempo, até mudei os poucos móveis de lugar, mas tive que sair cuidar da
parte burocrática da coisa. DETESTO BUROCRACIA! Também odeio andar muito, agora
junte na matemática (que eu também detesto): andar muito + no sol +
resolver burocracias no Mato Grosso + calor infernal + Rua sem Ar Condicionado
= Bárbara muito, mais muuuuuuito bravinha e estressada. Eu e minha mãe (que
possui toda a paciência do mundo) pegamos um ônibus, descemos no lugar errado
por minha culpa e andamos por meia hora deibaixo do sol. Depois andamos por mais
vinte minutos por baixo de uma tempestade que nos deixou encharcada para chegar
até o lugar que transfere a conta de água. Acontece que a leitura foi
feita ontem e o MALDITO SISTEMA DO COMPUTADOR DA MOCINHA não deixou a gente
transferir o negócio, ou seja, andamos esses cinquenta minutos no sol e chuva
pra absolutamente nada! DETESTO BUROCRACIAS! Depois andamos mais meia
hora embaixo do sol pós evaporação da chuva que choveu minutos antes (o ciclo
da água ocorre realmente rápido por essas bandas quentes) para passar a energia
para o meu nome, esperamos uns quarenta minutos na fila, mas foi ótimo porque
havia ar condicionado e cadeira confortável no local... eu poderia passar o resto
da vida ali numa boa! Depois de resolver pelo menos uma burocracia e já com o
dia acabando, andamos mais meia hora e fomos à um atacadão que se chama
ATACADÃO, parecidíssimo com o Tenda de sjc, lá tinha café e eu fiquei muito
feliz com isso já que por aqui é super difícil encontrar café à tarde.
Compramos umas coisas de dona de casa, e fomos na chuva novamente que
provavelmente era fruto da evaporação da outra chuva anterior daquela mesma tarde,
até as Casas Bahia comprar um novo Notebook já que o meu morreu de vez.
Enquanto eu olhava, minha mãe deu a célebre escapadela de sempre, na qual ela
me deixa com todas as compras e some por ai, foi até a Pernambucanas que ficava
longe dali e nós estamos no Mato Grosso e não em SJC. Após meia hora de espera,
peguei todas as compras pesadas e saí na chuva atrás da Pernambucanas e da
minha mãe que haviam sumido, eu estava muito, muito, muito brava, mas precisava
de um notebook, então um sorriso logo tomou conta do meu rosto. Compramos e esperamos mais uma hora na fila com ar condicionado, só que de pé, o
que não foi muito bacana pra quem passou o dia inteiro andando, e voltamos pra
minha casa, my place, meu barraco, comemos e eu capotei com toda a dor de
cabeça e ância do mundo... Depois acordei de madrugada com uns loucos ouvindo
musica altíssima. Deviam ser alguns adolescentes usufruindo de suas sexta-feira
e então voltei a dormir. Acordei às 7hs tomei um banho, café, lavei roupa e
sofri preconceito de um mato-grossense, isso mesmo, eu fui alvo de preconceito
nessa bela cidade, mas isso é assunto pra uma próxima postagem, agora vou ver
se arrumo a senha da internet. Fui!
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