terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre as coisas que só acontecem em feriados.

Não bastasse o calor dos infernos, o trânsito macabro, o excesso de carro e acidentes nas rodovias, o odor inigualável daquela maldita fumaça preta emitida pelos caminhões/ônibus/lata-velhas que dão início a um novo aquecimento global por minuto, me irritando profundamente e me deixando com o estômago embrulhado, também há aquela multidão de pessoas estranhas e aleatórias que aparecem nos momentos mais WTF? possíveis. Vésperas de feriados são sempre a mesma coisa! É aquela alegria contagiante de pobre que vai farofar na praia, aqueles planos de sair de noite, beber todas e conhecer vários camarões estragados, aquele pensamento positivo de "vou ser atropelada no mar por um príncipe de jet ski" na melhor das hipóteses, e então você pega  a rodovia com aquele acúmulo desesperador de veículos e desce feliz ouvindo um pagodão, pensando apenas no sol que vai tomar. De duas, uma.. Ou você desce e cai aquela chuva resultado de dois meses de seca, ou faz aquele sol infernal, mas você por motivos femininos não pode entrar no mar. Depois de tanto queimar o pé na areia fervente, asfalto-amostra-grátis-do-inferno, se melecar no sorvete de um real que ficou cheio de areia por conta do vento quente e abafado típico de beira do mar, ouvir aquele povão cantando raça negra, não passar protetor e ficar dolorida pra caralho, você volta pra casa velha e alugada, dar aquele cochilo depois da macarronada com itubaína quente, pra de noite poder sair com seus amigos e compensar a desgraça matinal. Nove e meia e tá todo mundo arrumadíssimo e chiquérrimo com aquelas havaianas branca e azul no pé e shorts jeans com uma blusinha fresca. Desce um copo, vila uma latinha, desce outro copo, outra latinha e outra e outra e surge aquele primeiro sorriso de embriaguez e olhar  distante, quando você percebe que há um parquinho com brinquedos que te rodam e te deixam de ponta cabeça, como o kamikase, por exemplo. Alguns gorfam e já era, acabou-se a noite naquele momento, outros engatam de vez na bebedeira e vão bem loucos rumo à multidão alucinada. A cultura da noite se resume em:
"Chora que chora novinha chora, novinha novinha chora, novinha novinha chora..."
"É cinco mulhé pra cada dois hómi..."
"Ela não anda, ela desfila, ela é top, capa de revista..." 
Eu realmente acho que essas músicas na verdade são códigos enviados por extraterrestres durante alguma drug trip aos Mc's de plantão, que estão propagando esses sons alucinógenos para, na verdade, nos hipnotizar no meio da noite, no auge de nossa embriaguez e nos levar a fazer aquelas burradas intergaláticas. Já vi casos de pessoas hipnotizadas por esses sons alucinógenos que pularam no mar de madrugada pra trocar um lero com Iemanjá, também já fiquei sabendo de uma doida que tirou o vestidinho curto molhado e saiu correndo pela praia, uma outra vomitou na mesa de um bar chique, mas isso é história pra um outro dia. Em meio à noitada, as pessoas são divididas entre os que causam e os que cuidam, geralmente eu fico no grupo das que causam, não nego, mas dessa vez me deparei com um colega mutcho mais doidjo e fraco que eu. Estava ele, louco, devia ter tomado todas e brincado no parquinho, então desmaiou e gorfou e gorfou e gorfou, aí com todo o espírito de médica em mim inserido, levamos o pobre gorfado num kioske atrás de tudo e de todos, quase não evidente e vexatório. Aconteceram algumas outras coisas das quais não citarei , dentre elas uma passagem por umas loiras gostosas que possuíam narguilé. Por narguilé até eu as chamei de gostosas, mas o WTF da noite começou aí. Eu, com o cara vomitado e desmaiado e à espera do grande brother Samu, estávamos pacientemente bêbados e parados (ele sem escolha porque estava deitado-morto-vivo e eu sem escolha porque ele estava deitado-morto-vivo), foi quando um segundo rapaz também embriagado, mas que não deve ter chego no parquinho porque não estava gorfado (eu acho), sentou-se ao meu lado e resolveu desmaiar. Não sei, fico pensando nas mil e uma coisas que aquele infeliz aleatório deve ter pensado, como por exemplo: Oba, uma trouxa que já ta cuidando mesmo, vou me instalar por aqui também! Além de ter que cuidar de dois, um amigo e outro desconhecido, ainda tive que revezar entre os vômitos e pancadas que ambos levaram na cara numa tentativa falha de reanimação, foi quando um cara de cavalo apareceu. Sim, um cara de cavalo na beira da praia, às 3h30min da madrugada, dizendo que era de Paraibuna. Como assim aparece um cara do nada, de cavalo, dizendo que era de Paraibuna e de madrugada? Neguei, disse que o cara não era nada de Paraibuna e que era tudo fingimento. Não sei bem porque fiz isso também, mas nesses momentos é melhor não questionar muita coisa. O cara com cavalo se zangou e jogou o cavalo pra cima de mim! Sim, eu na praia de madrugada com dois desmaiados e o cara ainda teve a pachorra de mandar o cavalo me morder, seilá. Se o infeliz não tivesse com aquele bicho enorme, eu juro que jogava meu amigo gorfado em cima dele. Samu chegou e disse que não cabia o aleatório em seu camaro amarelo. Porra, como assim não cabia o cara aleatório que eu tinha cuidado com tanto amor e carinho e que agora estava com a cara vermelha de tanta bofetada? Não tive escolha, larguei o pobre estranho à dará apenas, porque Deus não tinha nada a ver com aquilo e como sabemos, a palavra dará é muito comum no vocabulário embriagaico, seja homem ou não. Levamos o amigo gorfado à casa do Samu (Santa Casa) que ficou muito bravo por sinal e entregamos o pacote à família decepcionada. Voltei quase 6hs com dor no pé, vomito no braço, cara de flagelada e com muito sono. Como toda trabalhadora que quer fugir da rotina À QUALQUER CUSTO, dormi pensando se daria praia no dia seguinte, porque eu sei, você sabe, nós sabemos que essas coisas só acontecem em feriados, e deles não abrimos mão! 

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