quinta-feira, 24 de maio de 2012

Saciedade Insaciável

Aquela vontade consumia, vontade de se atirar de uma vez naqueles braços morenos de sol, vontade de se entregar, de se agarrar. Aquela puta vontade de puta queimava por dentro, cada pensamento sujo e desejo ríspido era um novo pacto com o diabo que ela quebrava ao abrir os olhos e sair do transe, jurava infinitos falsos amores, jogava com o primeiro que ousasse um eterno jogo de sedução que acabava em um segundo, tempo suficiente para que enjoasse e quisesse outros, novos jogos. Passava séria pela passarela fitando vítimas, olhava discretamente de canto de olho, soltava os cabelos, e os desvalorizava sem dó, lançava seu veneno e se desvalorizava. Noites sedentas quase nunca satisfeitas, queria mais, muito mais, queria algo que não encontrava nos botecos das noitadas, nem em pescoços, costas e cabelos desarrumados, queria menos vontades que consomem, queria prazer saciado, queria, queria, queria. Queria não mais querer.

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