quinta-feira, 10 de maio de 2012

No caminho para o inferno, abrace o capeta.

Pensando em alguma tragédia cômica grega, dessas que você lembra e tem vontade de chorar de dó, recordei-me de um tempo passado, dias de colegial, um específico em que levantei com pelo menos uns 10 pés esquerdos. Cinco da matina e lá estava ela, toda pomposa, cheia de si gritando carinhosamente com uma raiva típica de mãe nos olhos, não  entendo bem todo aquele 'carinho' matinal até hoje, sei apenas que pulei da cama, arregalei os olhos e bati continência imediatamente. Logo me veio a célebre notícia de que eu iria ter que ir até o ponto de ônibus (o qual eu tomava para ir a escola) ao estilo "Singin'n in the rain", já que estava chovendo e não se via nem sinal de qualquer guarda-chuva disponível, (em casa, guarda-chuva é igual pé de meia, os gnomos sempre roubam). Lá fui eu, não pulando e cantando na chuva porque faltou humor no momento, mas cheguei molhadinha por assim dizer. Como todos os seres animados, inanimados e não seres do Planeta, infelizmente eu tive o desprazer de sentir na pele como é ter um fracassado caso amoroso e como se não bastasse, o infortúnio da minha vida habitava o mesmo ônibus e a mesma escola em que eu fingia estudar. Entrei no ônibus depois de dar inúmeras tragadas em meu falso cigarro, mais conhecido como Combivent, e para melhorar só um pouco aquele lindo dia enchuvarado, o único lugar disponível (em meio a 39 outros lugares que poderiam sê-lo) ficava exatamente ao lado do finado falecido (para a nossa alegria). Bravamente, diga-se de passagem,  desfilei por aquele imenso corredor que parecia nunca acabar em momentos desastrosos, e não me sentei, resolvi ir em pé todo o caminho. Cada lombada era uma deslizada de Bárbara por assim dizer, mas o dia estava só começando e ainda havia uma mínima chance de a sorte virar, SÓ! Como eu involuntariamente estava em destaque, já que era o único ser de pé, resolvi me apoiar naqueles vidros em que colocamos o pé, localizados quase sempre atrás do motorista, vejam bem, QUASE SEMPRE, uma vez que o azar resolveu se unir às forças negativas dos astros, cosmo, buraco negro e macumbaria e me pegou de jeito naquele momento desvidrado em que eu quase caí no colo do motorista. Faziam 2 horas apenas que eu estava acordada.
Como se não me bastasse acordar aos berros,  o videoclipe independente de "Cantando na Chuva" numa versão abrasileirada e raivosa por assim dizer, o lugar ao lado do finado falecido, e a quase queda no colo do motorista, ainda fui contemplada com uma imensa enxakeka que se apossou do pobre amendoim que possuo no lugar do intelecto. Ainda assim, no auge da minha inteligencia, vendo que o dia não poderia ser menos propício pelo alto índice de "sorte desvairada" em que me encontrava, resolvi descer antes do inferno (escola) e abraçar o capeta. fui comprar meu rotineiro sonridor caf e dei de cara com um assalto à um estudante tolo (qualquer semelhança é mera coincidência) logo a minha frente. Sem reação, fui genial, resolvi me esconder atrás de uma árvore que estava a minha frente até que o meliante passasse, mas o meliante não passou, ficou lá no aguardo de mais um (a) estudante ignorantinho (a) e eu, garota fantástica, tive a iniciativa de atravessar a rua, como se eu fosse invisível e como se houvesse um vulcão em erupção ao meio, mas o pobre ladrão pé de chinelo, talvez por dó, talvez por pinga não me viu, e então segui pelas chamas ardentes do caminho para o inferno, ter uma adorável aula de matemática.

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