terça-feira, 29 de maio de 2012

Relato de uma tarde às avessas.


Pós noitada de sexta ao som de Seu Jorge, pôs-se a voltar para o covil da nave mãe, onde se arrumaria e enfrentaria nova festança de sábado nos embalos da noite, mas, fugindo da rotina habitual, estendeu sua breve tarde até o centro, onde encontrou um tumulto de animação e como regra, onde há tumulto, há Bárbara! Ao som de rocks alternativos, reggaes e mpb às 2hs de sol quente, ficou a observar um pouco mais aquele rascunho de manifestação e fitou os cartazes com frases feministas ali jogados, tratava-se do fim da Marcha das Vadias, passeata em prol do feminismo que ocorre uma vez por ano. Vendo aquelas "vadias" mescladas com hippies com meia arrastão e rockeiras de dreads, pensou que poderia passar sua tarde dilacerando inúmeros pensamentos por ali, mas observou uma feira hippie ao fim do evento e nesse novo plano de jornada espiritual, correu rapidamente ao antro das especiarias feitas a mão com astral elevado e logo se deparou com um objeto lindo que chamou sua atenção, tratava-se de um apanhador de sonhos. Lindo, radiante, a chamando, a querendo e se querendo, observava tanto que o hipponga local foi lhe explicar mais sobre o objeto, inclusive sobre o preço pouco alto e ela, sem muito dinheiro logo foi agradecendo e elogiando o trabalho, se atrapalhando nas passadas rápidas e tropeçando entre os referentes t-r-i-n-t-a-r-e-a-i-s até que o hippie NUNCA ANTES VISTO, lhe agradeceu dizendo em alto e bom som: BÁRBARAAAA, que ecoou em sua cabeça tornando os olhos arregalados, e frio na barriga. Não sabia se acabava de lidar com um mago disfarçado e vidente ou se já estava rodada até nas feiras hippies, então preferiu pensar sobre a vidência do senhor com dreads e saiu com toda a curiosidade que houvesse nessa vida, mas saiu. Ainda atenta ao tumulto e com um arrepio na coluna cervical, direcionou-se à uns cartazes brancos com fotos de sementes, sociedade e mãe natureza e logo chegou um senhor todo de branco, com algum santo encarnado discorrendo sobre o cosmo, os espíritos, a evolução, raciocínio e blablabla, parou de escutar o senhor engraçado nos primeiros 20 minutos de proza. Voltou à feirinha mágica com magos videntes, dessa vez mudou a rota, foi pelo outro lado, talvez encontrasse uma fada verde ou qualquer outro ser místico e espantoso, mas não! Encontrou dois hippies p.a.z.e.a.m.o.r que lhe mostraram lindas peças e tornaram-se mehores amigos em instantes, contou-lhes sobre suas moradias, desventuras e fechou com um convite à sua cidade, uma faixa de crochê na cabeça e retornou abismada com a uma hora mais sinistra da sua vida, pensando sobre as vadias não-vadias, sobre o mago vidente, sobre o cosmo de branco e seus dois melhores amigos hippies. Foi-se, com novas lembranças agradáveis de uma tarde às avessas.

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