sábado, 15 de dezembro de 2012

Vida frenética e calma de universitária sem jeito.

Não faz nem um mês que estou por aqui e já me sinto nativa dessas terras ricas! Andei me acostumando tanto com os "guris", "moça", "uai", "saca", "pensa", "boto fé", entre outras expressões utilizadíssimas pelos mato-grossenses que vez em outra, solto uma frase pronta e infestada de centro-oeste, tal como: "Uai guri, não boto fé que você não se arrumou ainda moço, tá na hora já, saca?" (Mentira, nunca que eu ia falar uma frase dessas no dia a dia.)  Minha vida anda num ritmo meio frenético, não de dia porque quando não tenho aula, fico vegetando dentro do meu quarto com o ar ligado, acho que daqui cinco anos quando voltar pra minha terra paulista, ainda não me acostumarei com o clima da minha segunda terra mato-grossense! Sempre fui meio desenfreada, desajuizada, mas aqui to levando vida de gente grande que tem que cozinhar pra comer, limpar a casa, comprar água e gás, mas isso só na teoria, porque se for pensar na prática, é relevante eu mencionar o fato de que fiquei uma semana com a casa imunda, sem roupa limpa, sem água, sem gelo e sem comida, foi uma semana de muito sol e em semanas de muito sol, prefiro ser vampiranha e morcegar dentro de casa. Também já me acostumei com a vida de caloura empreguete, levo bandejas e sucos pros veteranos numa boa, também os sirvo em festas sem pestanejar, e mesmo sendo caloura aplicada tomei uma trotada sem igual, meu trote foi tenebroso. Se meu cabelo pudesse falar, ele certamente iria querer desabafar sobre como ultrapassou seus limites de cabelo, quebrou barreiras, e sobreviveu ao trote, mas ele diria isso ao seu psicólogo, após um ano de terapia pós trote. Tinha farinha de trigo, café, cinquenta tons de tinta, ovo podre, mais farinha, mais tinta que  bonitamente nos customizou pra um ritual de magia negra, onde meus veteranos fizeram um pacto com o diabo e baixaram espíritos de gente porca com banana podre dentro da blusa, após o banho numa piscina de lama com frutas bichadas e escuras que atraem a atenção de qualquer mosquito ou urubu. Não sei como não fui carregada por um urubu após o término do meu trote que também envolveu tomar ovo e cuspir de novo no copo para o próximo tomar (fui uma das últimas, então aturei cuspe da turma inteira com gema que já tava branca, mas não gosto de pensar sobre esse momento, me deixa meio suicida!). Apesar de todo o recalque e flagelo à qual estive sujeita nesse momento de vingança de meus veteranos, me diverti horrores e ri à beça da minha própria desgraça, porque eles daqui não sabem, mas já tenho uma certa experiência em transformar minhas tragédias em comédias e comédias em tragédias, esse blog não me deixa mentir, então fui com tudo chupar banana com catchup, procurar halls com a boca num pote de farinha que estava no chão e achei interessante, agora compreendo o porque de tanta raiva no coraçãozinho desses meus veteranos, eles também já passaram por isso. To feliz, to feliz à beça, to feliz demais, é tanta felicidade que tenho medo de dizer demais e ela acabar! Antes tava com medo de deixar a estabilidade da minha vida que mesmo desenfreada, era profissional, mas agora tenho plena consciência de que se eu estou aqui, é porque é pra eu estar aqui, não se pode ir contra o destino, ou o cosmo. Por enquanto larguei um pouco a mão de escrever sobre minhas festas e ressacas, mesmo que aqui tenha festa todos os dias e eu tenha ressaca todos os dias, causo bastante por essas bandas também, esse é um karma daqueles que gruda mais que a banana podre do trote, mas é uma causada suave, sem muitos constrangimentos, tudo muito tranquilo! Resolvi mudar, agora sou uma Bárbara mais controlada, menos pegadora e mais estabilizada. E que seja assim até meu próximo capote de cara numa desilusão que me faça voltar a lamentar e rir de minhas tragédias. Agora vou nessa porque um churrasco me chama! Fui.


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